terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Cheio, cheio.

Lá no sertão nordestino vivia uma cabrocha* faceira escultural com lindos peitos e um bumbum redondo que quando em sua formosura e saliência andava, o mesmo girava pra lá e pra cá, o que endoidava os machos da região, deixando-os babando, pois a cabrocha era de parar o trânsito de carroças e cavalos.

Seu nome era Florinda e em toda redondeza perguntavam:

" - Florinda, Florinda, quem vai ser príncipe encantado?"

E ela dizia: "Só me caso com homem velho e rico e que me dê liberdade, pois ser escrava não quero! Prefiro viver livre e sambar!", já que toda sexta-feira Florinda sambava até o sol raiar.

Na mesma vila vivia um ancião, sessentão, o Seu Cornélio. Pacato, solteiro, homem de posses pois como era sozinho conseguiu juntar muito dinheiro. Era o solteirão cobiçado pelas vitalinas* da vila, mas Seu Cornélio era duro na queda, não dava bola para nenhuma delas.

Um dia quando cavalgada seu alazão*, Cornélio se deparou com Florinda e foi flechado instantaneamente pelo cupido. O velho ficou doido de amor pela moça viçosa que cantada, consentiu em se casar desde que o pretendente a deixasse livre para suas saídas ao samba das sextas-feiras, pois a casa do samba era vizinha da casa de Seu Cornélio.

Passado uns tempos Seu Cornélio começou a definhar pois Florinda muito fogosa estava acabando com as forças do Seu Cornélio. O seu fim era inevitável e numa sexta-feira o velho bateu as botas!

Florinda ficou doida, ia perder o samba? O que fazer?!

Uma amiga a aconselhou contratar carpideiras* e foi o que Florinda fez; contratou a carpideira e em troca a mesma receberia um saco de dinheiro.

E lá foi Florinda sambar deixando a carpideira fazendo o velório de Seu Cornélio.

Lá do samba Florinda ouvia a carpideira se lamentando: "Oh Deus meu, porque choro eu? Por um defunto que não é meu! Para ganhar um saco de dinheiro que não sei se será cheio ou meio..."

Florinda sambava, pulava se esfregava e gritava como resposta:

"Cheio, cheio bem socado, mais em cima e três punhados! Cheio, cheio bem socado, mais em cima e três punhados!"

E assim foi até de manhã quando o samba acabou e Florinda estava saciada de sua noitada festiva.


GLOSSÁRIO:
  • cabrocha:  mulata jovem, viçosa e feliz.
  • vitalinas:  mulher de idade que nunca casou.
  • alazão: cavalo.
  • carpideiras: mulheres que choram por defuntos nãos seus por dinheiro.

12 comentários:

Mlpallares disse...

Adorei... esperando mais...

Maíra disse...

Hahaha muito bom o causo! Estou acompanhando! :)

Regina Yoko disse...

Risos... grande Seu Maia... adorei !!!!

Eline Luz disse...

kkkkkkkkkkkkk
Minina como seu Maia ta pop. Vai ter que dá um tablet para ele, Bí.

Ana Ferrer de Albuquerque disse...

Mas que bicha sem vergonha rapaz... Mas tb a culpa é dele, a semana tem 7 dias e ele resolve morrer logo na sexta-feira sagrada... kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

Aglaís B Trennepohl disse...

Ainda virará um livro!!
Estou adorando esses 'causos'!!

Roseane disse...

kkkkkkk! Dali Seu Maia! Parabéns!

Janaína Pupo disse...

Gente, que danada e esperta essa Florinda hahahaha, parece minha avó hahahahaha.
Amei!

Maristela disse...

Amei...Parabéns!!! Sempre bom ver e ler esses causos.

Edeleine Pauli disse...

Agora já li , tá se saindo cada dia melhor.

Ludmilla Tri Marciano disse...

Tô amando, Bi! Ele é demais!!!

Ludmilla disse...

Sabe que os causos do seu Maia me lembram essas minisséries da Globo que a gente AMA? Tipo Gabriela... as Brasileiras... consegui ler ouvindo até a voz do narrador.rsrsrs Sucesso total!