terça-feira, 28 de janeiro de 2014

A canjica sumiu!!!

( Festa Junina de 2012 aqui na nossa rua.
Fotografia da minha filha Fabíola)
O São João no Nordeste Brasileira é uma festa ruidosa, alucinante fazendo concorrência até com o carnaval. É forró para todo lado, muitos fogos de São joão são pipocas, muitas fogueiras são acesas, muita comida típica do feriado Junino, como a Canjica - creme para os Sulistas. Pamonha, bolo, pé de moleque, milho assado, milho verde cozido, muita bebida  e tudo isso torna o Nordeste nem um tremendo arraial principalmente nos interiores dos estados nordestinos.

As moças solteiras fazem simpatias prevendo ver o nome de seu futuro cara-metade enfiando uma faca na pobre bananeira, que, segundo elas, sai na lâmina brilhosa as iniciais do futuro marido; e muitas outras simpatias que não me recordo agora.

Feito esse resumo vou-lhes narrar um fato verídico por demais pitoresco na cidade do Figueredo no sertão da Paraíba, lá pelos meados dos anos 50.

Nesta cidade havia uma fazenda cuja dona se chamava Dona Mariquinha. A dita cuja era tia afim de meu cunhado. Na fazenda existia uma empregado meio bobão, avantajado, cujo apelido era Negão.

Pois bem, em uma festa de São João na fazenda Dona Mariquinha já tinha deixado tudo preparado para a farra, como era costume, para que todos os trabalhadores comparecem com suas famílias para confraternizarem uns com os outros e usufruírem de todos os festejos que anualmente eram ansiosamente esperados.

Dona Mariquinha mandou fazer uma fogueira enorme e chamou um sanfoneiro para tocar forró a noite inteira. Fez bolo pé de moleque, bolo de milho, muita pamonha (cural) e dez travessas grandes de canjica (creme), pratos esses que davam para alimentar umas cinquenta pessoas .

( imagem ilustrativa, fonte com receita aqui! )
Os convidados já estavam chegando quando Dona Mariquinha chamou Negão dizendo:

- Negão, se você quiser jantar, coma logo sua canjica...

Dito isto Dona Mariquinha para o jardim receber os convidados. Haviam várias mesas, a dos bolos, das canjica, dos milhos assado e cozinhado, das bebidas, caninhas, conhaques e tudo mais.

Pois bem, Negão sentou-se na mesa das canjicas e soltou a boca, uma a uma as travessas foram ficando limpas. Quando comeu a última canjica Negão deixou a mesa exausto de tanto comer, que, sem forças para andar, ficou foi sentado no chão mesmo.

Pouco tempo depois Dona Mariquinha entrou na sala de refeições e estupefata exclamou:

- Negão, meu filho!!! Cadê as canjicas?!

E Negão meio sonolento respondeu: "A senhora disse que eu podia comer minha canjica, pois bem, comi! A senhora mandou, obedeci."

Depois desta foi preciso procurar canjicas em outras casas para satisfazer o paladar dos convidados.