domingo, 17 de novembro de 2013

O Folclórico Barnabé

Barnabé era um cara bonachão, meninão, grandão, bobalhão. Tão alto era o seu tamanho quanto pequena era sua sensibilidade de entender a mais simples sínteses das coisas. 

Vou lhes narrar algumas passagens que convivi com o Barnabé e acho que lhes farão dar gostosas gargalhadas.

Para começar Barnabé almoçava três vezes ao Domingos! E acham que é mentira? É verdade! Lá pelos anos de não sei quando, Barnabé ficou noivo e tinha um tio muito estimado. Pois bem, aos Domingos Barnabé almoçava logo cedo, na casa de seus pais, depois corria para casa da noiva em tempo de almoçar pela segunda vez. E não era um pratinho não... Era uma pratão derramando pelas beiras! Depois ele descansava por uns cinco minutos, levantava da cadeira já com a barriga estufada e dizia:

- “Agora vou almoçar com meu tio querido!” 

 Com o tempo Barnabé casou e daí em diante virou um títere (marionete) da esposa. Nada fazia sozinho! Nada fazia sem antes consultar a patroa, pois se ela não concordasse, pronto! Este fato estava morto. 

Até para comer Barnabé só podia com o auxílio da sua cara metade. Ele se sentava à mesa e chamava: 

- “Neguinha, neguinha, venha. Estou pronto.” - E ela enchia o prato fundo que Barnabé repetia várias vezes.

Por fim, Barnabé se aposentou. Sabemos que os bancos os bancos só começam seu expediente às 10 horas da manhã. Mas no dia de receber o ordenado, Barnabé se arrumava assim que o sol nascia. Barnabé tinha sempre que ser o primeiro da fila, o primeiro a receber. Saia de casa às 7 horas da manhã e chegava na fila mais ou menos uma hora depois. Barnabé sempre foi o primeiro da fila, os caixas já o conheciam e soltavam chacotas que Barnabé entendia como elogios, o que o fazia ficar tão orgulhoso quanto um pavão.

Quando Barnabé chegava em casa entregava prontamente todo o dinheiro da aposentadoria a patroa, o que lhe fazia muito feliz.